quarta-feira, 18 de março de 2015

EMBARCANDO PELO MUNDO - FRANCIACORTA

Franciacorta
Cochile meio minuto num mundo Mad Max e acorde com um cenário de Noviça Rebelde. Partindo de Milão a caminho de Veneza, a Autopista A-4 corta uma das regiões mais industrializadas da Itália. Galpões e chaminés dominam o panorama por cerca de 50 minutos até que, vupt, eis que um platô com vista para o Lago d´Iseo se materializa na janela do carro, forrado de cachos chardonay, pinot noire e pinot blanc, tendo os Alpes como pano de fundo. Menos famoso que os lagos vizinhos de Garda e Como, o D´Iseo é uma baita surpresa a meros 20 minutos do aeroporto de Bergamo (o secundário de Milão, que recebe vôos de companhias aérea low cost de toda a Europa).

Em forma de S, com 65 quilômetros quadrados de área, o Lago d´Iseo abriga a maior ilha dentro de um lago de toda Europa, a Monte Isola, que tem um vilarejo fofíssimo. Dá para visitá-lo de ferry ou até mesmo ficar hospedado por lá. A paisagem per se já encarregaria de fazer sua viagem valer. Mas ela acaba sendo mera coadjuvante diante do fato de que a região produz os melhores vinhos espumantes da Itália, com o selo da DOCG (Denominação de Origem Controlada Garantida) Franciocorta.

Se você vive feliz com seu prosecco, esta na hora de pensar mais alto. Franciocorta, localizada na província de Brescia, na Lombardia, é a única região europeia, além da própria Champanhe e da Catalunha (que produz o Cava), na Espanha, a utilizar o minucioso método clássico. Do ponto de vista técnico, além da fermentação em tanques de inox (ou, em alguns casos, em barril), o vinho passa por uma segunda e complexa fermentação em garrafa, seguida de um envelhecimento de pelo menos 18 meses. O resultado é uma bebida elegante, de bolhas finas e acidez suave: uma resposta italiana à altura da gloriosa bebida francesa, inclusive em termos de preço (uma garrafa não costuma sair por menos de 30 euros nas loja das vinícolas).

Os vinhedos formam uma espécie de anfiteatro ao redor da parte sul do Lago d´Iseo, como um pequeno oásis verde em meio à área mais densamente industrializada do país. Essa combinação de vinho - com calor durante o dia e frio à noite -, além de uma paisagem de aplaudir de pé. O ponto mais estratégico de toda a região para curtir o visual é sob o arco que emoldura a paisagem na Bellavista (www.bellavistawine.it) , uma das 108 vinícolas do pequeno reino de Franciocorta. Se tiver que escolher apenas uma pra visitar, eis a grande aposta.


Entre tantas rolhas e bolhas, é uma baita ironia que um dos spas de detox mais célebres da Itália, o Henri Chenot (www.chenot.com), esteja instalado justamente num hotel em Franciacorta. Mas, a julgar pela quantidade de gente (a maioria russos), que circulam de roupões brancos no outono, ambas as realidades - detox e intox - convivem em paz no resort L´Albereta (www.albereta.it), que tem o aval da rede Relais & Châteaux e está cercado pelos vinhedos da vinícola Bellavista.

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