Franciacorta
Cochile meio
minuto num mundo Mad Max e acorde com um cenário de Noviça Rebelde. Partindo de
Milão a caminho de Veneza, a Autopista A-4 corta uma das regiões mais
industrializadas da Itália. Galpões e chaminés dominam o panorama por cerca de
50 minutos até que, vupt, eis que um platô com vista para o Lago d´Iseo se
materializa na janela do carro, forrado de cachos chardonay, pinot noire e
pinot blanc, tendo os Alpes como pano de fundo. Menos famoso que os lagos
vizinhos de Garda e Como, o D´Iseo é uma baita surpresa a meros 20 minutos do
aeroporto de Bergamo (o secundário de Milão, que recebe vôos de companhias
aérea low cost de toda a Europa).
Em forma de S, com 65 quilômetros quadrados de área, o Lago d´Iseo
abriga a maior ilha dentro de um lago de toda Europa, a Monte Isola, que tem um
vilarejo fofíssimo. Dá para visitá-lo de ferry ou até mesmo ficar hospedado por
lá. A paisagem per se já encarregaria de fazer sua viagem valer. Mas ela acaba
sendo mera coadjuvante diante do fato de que a região produz os melhores vinhos
espumantes da Itália, com o selo da DOCG (Denominação de Origem Controlada
Garantida) Franciocorta.
Se você vive feliz com seu prosecco, esta na hora de pensar mais
alto. Franciocorta, localizada na província de Brescia, na Lombardia, é a única
região europeia, além da própria Champanhe e da Catalunha (que produz o Cava),
na Espanha, a utilizar o minucioso método clássico. Do ponto de vista técnico,
além da fermentação em tanques de inox (ou, em alguns casos, em barril), o
vinho passa por uma segunda e complexa fermentação em garrafa, seguida de um
envelhecimento de pelo menos 18 meses. O resultado é uma bebida elegante, de
bolhas finas e acidez suave: uma resposta italiana à altura da gloriosa bebida
francesa, inclusive em termos de preço (uma garrafa não costuma sair por menos
de 30 euros nas loja das vinícolas).
Os vinhedos formam uma espécie de anfiteatro ao redor da parte sul
do Lago d´Iseo, como um pequeno oásis verde em meio à área mais densamente
industrializada do país. Essa combinação de vinho - com calor durante o dia e
frio à noite -, além de uma paisagem de aplaudir de pé. O ponto mais
estratégico de toda a região para curtir o visual é sob o arco que emoldura a
paisagem na Bellavista (www.bellavistawine.it)
, uma das 108 vinícolas do pequeno reino de Franciocorta. Se tiver que escolher
apenas uma pra visitar, eis a grande aposta.
Entre tantas rolhas e bolhas, é uma baita ironia que um dos spas de
detox mais célebres da Itália, o Henri
Chenot (www.chenot.com),
esteja instalado justamente num hotel em Franciacorta. Mas, a julgar pela
quantidade de gente (a maioria russos), que circulam de roupões brancos no
outono, ambas as realidades - detox e intox - convivem em paz no resort L´Albereta (www.albereta.it),
que tem o aval da rede Relais & Châteaux e está cercado pelos vinhedos
da vinícola Bellavista.
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