Golfo de
Nápoles
A algumas das joias da costa italiana ficam bem perto das ruínas de
Pompeia, cidade romana reduzida a cinzas pelo Vesúvio há quase 2 mil anos.
Fosse hoje, Nápoles, grande e metropolitana com seus quase 1 milhão de
habitantes à sombra do vulcão, seria palco de uma tragédia maior - e nunca se sabe
o que pode acontecer. Se a ameça não larga a capital Campânia, essas
preocupações atingem as ilhas e seu redor: Capri, Ischia e Procida.
Foi o
imperador romano Augusto quem descobriu os encantos de Capri, hoje a mais
agitada das três. Voltando de uma expedição ao Oriente em 29 a.C., o então todo
poderoso de Roma, topou com a ilha, uma massa gigantesca de rocha calcária
erguendo-se no marzão verde-esmeralda do Golfo de Nápoles. Mas foi seu
sucessor, Tibério, quem se encantou de vez com o lugar, em que mandou construir
12 vilas (como temia se assassinado, mudava sempre de casarão para despistar os
inimigos). As ruínas da Villa Jovis, a maior das mansões imperiais , podem ser
visitadas, entre várias construções que os romanos deixaram por lá. Elas dividem
as atenções com pracinhas e vielas charmosas, casinhas caiadas mediterrâneas,
praias e paisagens marinhas incomparáveis.
Dá para fazer
um bate e volta à "isola bella" a partir de Nápoles se o preço dos
hotéis capreses salgar o bolso. No barco mais rápido, o percurso leva 45
minutos, a 19 euros a passagem. Fique atento se estiver rodando pela Itália de
carro alugado: eles são vetados na ilha de março a novembro. No verão, convém
comprar o bilhete do barco com antecedência.
Na Marina Grande, onde aportam as ferries, a missão é rumar para
comuna. Sem carro, a opção mais confortável e econômica é subir (subir mesmo,
pois o centrinho fica muitos metros acima do nível do mar) de funicular.
Pizzaetta é a referência para seguir a trilha do peculiar La
Cisterna, Mezzo Pizzaria, Mezzo Restaurante, cujo dono, Salvatore Trama, é
conhecido personagem na ilha. Suba a escada que fica à direita da praça, vire à
direita e siga as placas de indicação. Não estranhe o ziguezague, tipicamente caprese,
para chegar ao estabelecimento, que serve tomates cultivados na casa de
Salvatore.
As uvas para o vinho da casa também saem de lá. As garrafas de
bebidas vêm adornadas com uma foto do corpulento senhor. Trama de sunga (!),
admirando o Mediterrâneo. Uma versão pôster da imagem caidona decora uma das
paredes da casa. No Las Cisterna uma refeição, para dois, sai por cerca de 80
euros, preço dos mais amigáveis para Capri.
É bem verdade que a ilha, destino de verão
do jet set internacional (Ja-Z, Beyoncé, Messi príncipes de Mônaco...), são de
lanchas, iates e lojas de grifes internacionais. Mas Capri recebe bem os
turistas menos endinheirados. Então mulheres, relaxem, ninguém vai olhar feio
se sua bolsa não tiver brasão conhecido. Dá, inclusive, para economizar no
passeio imperdível de Capri, a Grotta Azzurra. Entrar naquela espécie de
planetário rochoso, atravessando sua estreita abertura, é um ritual para quem
vai a Capri: os locais dizem que o espetáculo das luzes é ainda intenso entre
meio-dia e as 2 da tarde, horário em que o reflexo na água transforma o
ambiente numa imensa caverna perfeitamente azulada.
No horizonte se vê também Ischia, a maior ilha daquela região. Ali conserva
muitas comunidades de pescadores, o clima é de Itália rural, bem mais tranquilo
e com muito menos ostentação. Apesar de ser um destino de praia no verão,
Ischia é mais famosa por suas águas termais, conhecidas já pelos romanos.
Tanto Ischia quanto a ilha vizinha, Procida, serviram de cenário
para o filme O Talentoso
Ripley. Na ilha grande Dickie
e Marge, vividos por Jude Law e Gwyneth Paltrow, encontram o malandro Tom,
papel de Matt Damon.
Procida é a porção de terra ao mar do Golfo de Nápoles mais próxima
do continente, e tem ainda hoje um requício muito presente do período das
invasões bárbaras, a Terra Murata. Construído a 90 metro de altura, o forte,
que protegeu o interior da ilha desde a Idade Média até o início do século 15,
resiste ao tempo. No Centro, ficou preservada a estética medieval, com casas
caracteristicamente populares e ruas estreitas.
É um forninho também: as paredes gigantes
não permitem a livre circulação de ar, tornando os quentes verões ainda mais
ferventes. Do lado de fora do panelão, a cidade é mais fresca - e diferente. Lá
fica a charmosa Marina Corricella, um pedaço modesto de orla ladeado por
coloridas casas de pescadores, distantes 15 minutos a pé da Terra Muratta.
Vários bares e restaurantes ficam por ali. Um deles é La Locanda del Postino,
que também tem um currículo cinematográfico. Era lá que trabalhava Beatrice,
por quem o carteiro Mario , amigo do poeta Pablo Neruda, se apaixona no filme o
Carteiro e o Poeta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário