quarta-feira, 18 de março de 2015

EMBARCANDO PELO MUNDO - GOLFO DE NÁPOLES

Golfo de Nápoles
algumas das joias da costa italiana ficam bem perto das ruínas de Pompeia, cidade romana reduzida a cinzas pelo Vesúvio há quase 2 mil anos. Fosse hoje, Nápoles, grande e metropolitana com seus quase 1 milhão de habitantes à sombra do vulcão, seria palco de uma tragédia maior - e nunca se sabe o  que pode acontecer. Se a ameça não larga a capital Campânia, essas preocupações atingem as ilhas e seu redor: Capri, Ischia e Procida.

Foi o imperador romano Augusto quem descobriu os encantos de Capri, hoje a mais agitada das três. Voltando de uma expedição ao Oriente em 29 a.C., o então todo poderoso de Roma, topou com a ilha, uma massa gigantesca de rocha calcária erguendo-se  no marzão verde-esmeralda do Golfo de Nápoles. Mas foi seu sucessor, Tibério, quem se encantou de vez com o lugar, em que mandou construir 12 vilas (como temia se assassinado, mudava sempre de casarão para despistar os inimigos). As ruínas da Villa Jovis, a maior das mansões imperiais , podem ser visitadas, entre várias construções que os romanos deixaram por lá. Elas dividem as atenções com pracinhas e vielas charmosas, casinhas caiadas mediterrâneas, praias e paisagens marinhas incomparáveis.

Dá para fazer um bate e volta à "isola bella" a partir de Nápoles se o preço dos hotéis capreses salgar o bolso. No barco mais rápido, o percurso leva 45 minutos, a 19 euros a passagem. Fique atento se estiver rodando pela Itália de carro alugado: eles são vetados na ilha de março a novembro. No verão, convém comprar o bilhete do barco com antecedência.

Na Marina Grande, onde aportam as ferries, a missão é rumar para comuna. Sem carro, a opção mais confortável e econômica é subir (subir mesmo, pois o centrinho fica muitos metros acima do nível do mar) de funicular. 

Pizzaetta é a referência para seguir a trilha do peculiar La Cisterna, Mezzo Pizzaria, Mezzo Restaurante, cujo dono, Salvatore Trama, é conhecido personagem na ilha. Suba a escada que fica à direita da praça, vire à direita e siga as placas de indicação. Não estranhe o ziguezague, tipicamente caprese, para chegar ao estabelecimento, que serve tomates cultivados na casa de Salvatore.

As uvas para o vinho da casa também saem de lá. As garrafas de bebidas vêm adornadas com uma foto do corpulento senhor. Trama de sunga (!), admirando o Mediterrâneo. Uma versão pôster da imagem caidona decora uma das paredes da casa. No Las Cisterna uma refeição, para dois, sai por cerca de 80 euros, preço dos mais amigáveis para Capri.

É bem verdade que a ilha, destino de verão do jet set internacional (Ja-Z, Beyoncé, Messi príncipes de Mônaco...), são de lanchas, iates e lojas de grifes internacionais. Mas Capri recebe bem os turistas menos endinheirados. Então mulheres, relaxem, ninguém vai olhar feio se sua bolsa não tiver brasão conhecido. Dá, inclusive, para economizar no passeio imperdível de Capri, a Grotta Azzurra. Entrar naquela espécie de planetário rochoso, atravessando sua estreita abertura, é um ritual para quem vai a Capri: os locais dizem que o espetáculo das luzes é ainda intenso entre meio-dia e as 2 da tarde, horário em que o reflexo na água transforma o ambiente numa imensa caverna perfeitamente azulada.

No horizonte se vê também Ischia, a maior ilha daquela região. Ali conserva muitas comunidades de pescadores, o clima é de Itália rural, bem mais tranquilo e com muito menos ostentação. Apesar de ser um destino de praia no verão, Ischia é mais famosa por suas águas termais, conhecidas já pelos romanos. 

Tanto Ischia quanto a ilha vizinha, Procida, serviram de cenário para o filme O Talentoso Ripley. Na ilha grande Dickie e Marge, vividos por Jude Law e Gwyneth Paltrow, encontram o malandro Tom, papel de Matt Damon. 

Procida é a porção de terra ao mar do Golfo de Nápoles mais próxima do continente, e tem ainda hoje um requício muito presente do período das invasões bárbaras, a Terra Murata. Construído a 90 metro de altura, o forte, que protegeu o interior da ilha desde a Idade Média até o início do século 15, resiste ao tempo. No Centro, ficou preservada a estética medieval, com casas caracteristicamente populares e ruas estreitas.


É um forninho também: as paredes gigantes não permitem a livre circulação de ar, tornando os quentes verões ainda mais ferventes. Do lado de fora do panelão, a cidade é mais fresca - e diferente. Lá fica a charmosa Marina Corricella, um pedaço modesto de orla ladeado por coloridas casas de pescadores, distantes 15 minutos a pé da Terra Muratta. Vários bares e restaurantes ficam por ali. Um deles é La Locanda del Postino, que também tem um currículo cinematográfico. Era lá que trabalhava Beatrice, por quem o carteiro Mario , amigo do poeta Pablo Neruda, se apaixona no filme o Carteiro e o Poeta.

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